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quarta-feira, 18 de abril de 2012

Crônica de um Pai de Terceira Viagem

Todos sabem que eu sou pai de duas princesinhas lindas, maravilhosas e demasiadamente arteiras - quem não se lembra do episódio da fralda de cocô no teto da minha sala? Mas o que nem todos sabem é que uma terceira princesinha em breve se juntará à gangue. A quadrilha agora está formada e é perigosa. Mas esta crônica não vai se concentrar nas proezas infantis de minhas filhas; ela nasceu da recomendação de meu psiquiatra, Dr. Isaac Nepomuceno Insanus, que, mediante minhas angustiosas narrativas a respeito da mãe das crianças - a cabeça da gangue -, achou que seria terapêutico transformar minhas inquietações matrimoniais em textos, uma forma, segundo o Dr. Insanus, de exorcizar meus demônios conjugais.
Pois bem, queridos leitores, venho por meio desta testemunhar que há um outro lado pouco conhecido numa gestação. E nem um pouco bonito. Ao vermos uma grávida caminhando nas ruas, pensamos na dádiva concedida à mulher de dar à luz uma nova vida. Normalmente a mãe é cercada de cuidados, de mimos, de paparicos, de felicitações, de presentes. E a ela são associadas somente coisas boas - o que de ruim poderia vir junto de um ser tão divinal?
Mas o que poucas pessoas sabem é que, em casa, longe dos olhares cândidos, complacentes e admiradores, elas se transformam. Permitem, no recato domiciliar, que a ebulição de seus hormônios enlouqueçam os pobres maridos, o lado mais fraco da balança. O Dr. Insanus me preveniu que este tratamento o qual me dispus seguir pode me trazer consequências sérias, com possíveis danos físicos, mas ele me garantiu que eu deveria ser o porta-voz dos pais, pois alguém deveria levantar a bandeira a favor dos oprimidos e angustiados progenitores. E ninguém melhor do que eu, que já sou pai de terceira viagem, portanto um tanto quanto calejado - e sofrido.
Dr. Isaac Nepomuceno Insanus, meu guru, garantiu-me, se necessário, aumentar a dosagem de meus medicamentos nesta nova jornada, mas a sua previsão é a de que as crônicas me libertarão. Seu formato será simples, provavelmente com diálogos fidedignos aos vivenciados entre mim e a cabeça da gangue, de maneira a evidenciar o outro lado de uma gestação. A propósito, já é hora de alguém levar adiante a ideia de uma lei similar à Maria da Penha - algo como Lei João Apanha, sei lá -, mas em favor dos maridos indefesos. Alguém precisa detê-las. A verdade não pode ficar obscura por detrás da beleza de uma barriga crescendo.
Para iniciar a série, portanto, segue o que se sucedeu hoje à tarde aqui em casa (acreditem, de todos os episódios já sofridos por mim, este, por ser o primeiro, é o menos escandaloso, o mais "light").
- Meu amor, o que aconteceu, por que você está chorando deste jeito?
- Sai daqui, não quero que você me veja deste jeito!!
- Calma, estou aqui do teu lado, pode confiar em mim...
- Você vai rir?
- Claro que não.
- É que estou com frio.
- (...) [Com cara de estupefação]
- Nós grávidas somos assim mesmo. Umas mais malucas do que outras. [E segue uma alternância de gargalhadas convulsivas e choro descontrolado].

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