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quinta-feira, 6 de junho de 2013

Crítica de Maria Christina Rezende

Bruno,

Muito me sensibilizou sua dedicatória. Acompanhei sim sua trajetória de vida, de bons e maus momentos, e fico bastante envaidecida de ver você superando obstáculos e produzindo. E produzindo o quê? Poesia, versos, os mais sensíveis, belos e cativantes.
Observei que você datou as poesias e não pude deixar de notar a diferenciação de emoções dos anos assinalados ali.
Em 1993, você avisa que o barco está afundando, que com ou sem o marcapasso a vida está terminando. Em 1995, há um desejo de matar todas as pessoas e a agonia de esperar a morte  que será decidida por doutores, até se propondo a fazer "Guia Prático para se Chegar ao Fim". Você, em  2001, fala de berrar um grito visceral, algo em desarmonia, enquanto relata fazer força para ficar firme e, na mesma linha de angústia, em  2006 deseja a morte como libertação, querendo o nada.
Porém, em 2008, em contrapartida, enfoca a ternura de ter uma princesinha, assim como em 2011, com o segundo bebê ainda no berço.
Não sou poeta, e qualquer comentário que possa fazer seguirá também o meu sentido de "gostar mais ou menos", até porque, como você diz, "palavras não têm significado”. Discordo, pois para mim as palavras, quando ditas, podem ser enganosas e encobrir o que se oculta, entretanto, depende de como você é escutado e compreendido. Você fala com seus versos, o que é um falar muito potente. Você não usa o silêncio para se expressar.
Gostei do seu "Guia prático para se chegar ao fim". Também do "Pensando em João Cabral", e é pensando nele que me lembro que, quando um rio corta, corta-se de vez o curso do rio de água que este rio fazia, e a palavra, em situação dicionária, estanque nela mesma, com nenhuma outra se comunica.
Você se comunica e se comunica na sua dor e alegria, enfim, se comunica com sua essência, com o seu principal. Gosto mais do Bruno poeta do contundente, que pulsa, que se diz sem nexo, mas que consegue respirar fundo e se impulsionar para Pasárgada.
Enfim, um pretérito que você pode julgar imperfeito, contudo, foi e é produtor de um futuro, quem sabe perfeito.

Parabéns, Bruno, e não posso deixar de dizer o óbvio: Oci ficaria feliz.

Beijos,

Christina

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