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quinta-feira, 30 de junho de 2011

Nota para pesquisa futura: reler Os sertões à luz de "Ao rés das existências, desapontamentos" In: SCHUBACK, Marcia Sá Cavalcante. Olho a olho. Rio de Janeiro: 7 Letras.

domingo, 26 de junho de 2011

Sábado no MNBA

Coleção Francisco Rodrigues (1840-1920) - FotoRio 2011: a exposição reúne 190 fotografias que registram as mudanças por que passava a sociedade nordestina do final do século XIX e início do XX. Além de perceber as diferentes técnicas utilizadas para a revelação das imagens, o visitante poderá, como eu, mergulhar numa viagem imaginativa de quem eram e como viviam as várias pessoas anônimas retratadas em muitas das fotos. Do mesmo modo que a exposição conta com fotografias de pessoas ilustres, há outras em que simplesmente não se sabe quem são os personagens fotografados. E é aí que minha cabeça viaja. Quem era, o que fazia, era feliz, era honesto? O registro fotográfico prova a existência de uma vida sobre a qual não se sabe mais nada... apenas que ela existiu de verdade... (Até o dia 17 de julho).
Galeria de Arte Moderna e Contemporânea: no segundo e terceiro pisos, encontram-se reunidas obras que contemplam os séculos XX e XXI, de diversos artistas diferentes. É claro que o acervo do MNBA não pretende reunir toda a produção das artes plásticas desse período, mas vale a pena conferir. (Exposição permanente).

terça-feira, 21 de junho de 2011

Post rapidinho

Fui à PUC hoje para o lançamento do livro de entrevistas do Silviano Santiago organizado pelo professor Frederico Coelho. Houve um bate-papo rápido com o autor, que disse não gostar de relatos confessionais... Boa escolha então a ficção, penso eu. Mas o que vale a nota aqui foi o reencontro com os amigos Leonardo, Fabiana e Marcela, esta última não a via desde os tempos de graduação na UFF, há tempos.

domingo, 19 de junho de 2011

Sábado no CCBB

Eu me desdobro em muitos - a autorrepresentação na fotografia contemporânea: a exposição mostra como vários artistas utilizam-se, como elemento catártico, de sua própria imagem, oferecendo representações de si mesmos para além do autorretrato. Nesses tempos de reality shows, autoficções, blogs e toda sorte de representação de si, vale a pena conferir a exposição e verificar como o artista se vê, ou melhor, identificar que cada um de nós tem várias identidades e que jogamos com elas como melhor nos aprouver.

O bosque: Com texto do dramaturgo norte-americano David Mamet, direção de Alvise Camozzi e com os jovens Bruno Kott e Cristine Péron no elenco, O bosque é uma peça que narra a incapacidade de comunicação no mundo contemporâneo. Apesar de ter sido escrita em 1977, ainda hoje ela mantem-se atual, evidenciando, por meio do desgaste de uma relação homem-mulher, a (im)possibilidade de se chagar à intimidade de cada um, uma vez que não se consegue mais falar de si de maneira plena. Quando os personagens se isolam numa casa no bosque, em busca de um fim de semana romântico, percebem que não conseguem mais se comunicar quando a única coisa que eles têm para se entreter é o discurso de cada um, seus eus.

sábado, 18 de junho de 2011

Ontem à noite me levei ao cinema para assistir ao último filme de Woody Allen, Meia-noite em Paris. Confesso que, no início do filme, o reconhecimento de alguns personagens típicos de Allen - como o (pseudo)intelectual pedante, a mulher antítese do alter-ego sonhador do cineasta e o próprio alter-ego - me incomodou, como se eu estivesse apenas diante de um mais do mesmo. Mas não precisei de muito tempo para me convencer de que estava assistindo a (mais um) grande filme de Woody Allen.
O transporte temporal que Gil (Owen Wilson) sofria ao dar meia-noite e encontrar personagens como Fiztgerald, Hemingway, Picasso, T.S. Eliot e tantos outros foi muito bem explorado, com diálogos interessantíssimos e cheios de humor. Ao final de cada noite em companhia de seus ídolos literários e artísticos, Gil era novamente levado ao seu tempo - de aspirador a escritor de romances, ele voltava a sua vida frustrada de roteirista de Hollywood, prestes a se casar com Inez (Rachel McAdams), mulher com quem não se afinisa.
Essa dupla vivência temporal nos remete para a força que a arte tem na nossa construção imagística. A arte, completamente atemporal - mesmo que a contextualização temporal muitas vezes nos ajude a entendê-la -, não se estagna no tempo, não é estanque, mas o transcende, acompanhando o homem em seu percurso histórico. Uma obra de arte não é compreensível apenas aos olhos de seus contemporâneos, mas ela a eles ultrapassa, mantem sua aura e segue provocando encantamento em gerações futuras.
O tempo - esse sim - é ininterrupto, e esse fluxo contínuo deve ser seguido. O tempo não para, e a consciência de que um momento passado deve ser cristalizado, na certeza de que é um tempo indelével, é falsa. Como Gil descobre, seu fascínio pela Paris dos anos 20 só existia por causa da distância de 90 anos do seu momento presente, do mesmo modo que, para os parisienses de então, o fascínio era pela Belle Époque, que, por sua vez, fascinavam-se pela Renascença, e assim seguiríamos numa busca ad infinitum para o passado.
O que o filme nos diz, parece-me, é que a arte, por mais que tenha sido produzida num tempo passado, não está presa a ele. A obra de arte, seja pictórica, literária, musical, escultórica etc., ajuda o homem a entender-se, não importa o seu tempo.
Findo o filme, saí do cinema e a temperatura agradável, o céu limpo e a lua cheia me convidaram para voltar caminhando pela Praia de Botafogo. Já na Rua Marquês de Abrantes, soou meia-noite e não pude deixar de jantar no Lamas com minha amiga Pagu...

sábado, 11 de junho de 2011

Na esteira de Castro Alves

Quando finalizei minhas breves leituras de e sobre Castro Alves, semana passada, olhei para a estante e vi um livro, todo empoeirado, de procedência desconhecida, que resolvi ler, afinal eu disse, em post do dia 4 de junho, não gostar da poesia romântica - o livro chama-se Século XIX: o Romantismo. Trata-se de um ciclo de conferências promovido pelo Museu Nacional de Belas Artes, entre julho e outubro de 1978. São onze textos que buscam oferecer uma visão abrangente sobre o período romântico, escritos por nomes reconhecidos em seus campos de atuação. A pintura no Romantismo; o Panorama Econômico no Romantismo; a Poesia Romântica; a Filosofia no Romantismo; o Romantismo na Música; o Desenvolvimento Científico no Romantismo; a Prosa Romântica; a Arquitetura no Romantismo; o Teatro no Romantismo; o Pensamento Político no Romantismo; e a Escultura do Século XIX são os textos que compõem o livro e que me entretiveram nesse estudo motivado pela leitura do poeta abolicionista. Dentre eles, os textos que mais me chamaram a atenção foram os referentes à filofofia (Franklin de Oliveira), à música (Marlos Nobre) e ao pensamento político (Rodrigues Alkimin). Nenhum deles, porém, foi capaz de mudar minha opinião acerca da poesia romântica, mas, como eu disse à Elisa, não é porque não gosto que vou me privar de estudar. Além do mais, há anos que não lia nada sobre o romantismo e, agora, sinto que posso dar um fim a minha súbita e inexplicável vontade de ler Castro Alves.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Redondilhas à toa

Inspiração não a tenho Transpiro muito e peno Rascunho, rasuro, sofro Espremo, escrevo, verso Na página em branco, morro Letras mais letras se juntam Em signos sem serventia Em ritmo sem maestria - Ecos de palavras ocas Ressoam num poema à toa Que como tal é inútil Versificação mais fútil De um exercício, labor Sem inspiração - suor Sentido há no poema?

quinta-feira, 9 de junho de 2011

terça-feira, 7 de junho de 2011

Nota para retomada futura do tema: "todos os homens que andam na rua são homens-narrativas, é por isso que conseguem parar em pé" (Lejeune: 406).

sábado, 4 de junho de 2011

Nesta última semana estive às voltas, não sei por que razão, com Castro Alves. Só sei que acordei segunda-feira disposto a estudar o poeta abolicionista, pelo menos um pouquinho. Nunca fui um leitor muito entusiasta de poesia, muito menos romântica, então não podia desperdiçar minha súbita boa vontade. E resolvi começar rememorando meus tempos de bolsista de iniciação científica da Biblioteca Nacional, quando participei da exposição Castro Alves: o olhar do outro, em comemoração aos 150 anos de nascimento do poeta, com curadoria de Maria Celeste Garcia e Ângela Barros Montez. Na época, um inocente estudante de Letras, fiquei com a responsabilidade de pesquisar e escrever sobre as musas do poeta. Para um poeta romântico, ordinariamente às voltas com amores platônicos, Castro Alves teve uma vida bastante movimentada nessa seara. A esse respeito, Antonio Candido regozija-se, na Formação da literatura brasileira: "até que enfim uma mulher de carne e osso, localizada e datada, após as construções da imaginação adolescente", referindo-se especificamente à Eugênia Câmara, atriz com quem o poeta viveu e que lhe inspirou alguns de seus poemas. A vida sentimental de Castro Alves, levando-se em conta o período em que viveu, pode ser considerada revolucionária, no sentido de que não se aprisionava aos padrões morais e castradores de então. Terminei a releitura do catálogo, revisitando meus anos de graduando, e ainda não me sentia convencido, ainda não lia Castro Alves com emoção, seus versos nada me diziam.
Jorge Amado tentou me convencer na louvação que escreveu ao poeta com seu ABC de Castro Alves, afirmando e reafirmando ser ele o maior poeta brasileiro de todos os tempos. Está certo que a leitura do romancista baiano é um tanto suspeita, uma vez que ele, comunista que era, tinha um fascínio por causas humanitárias e sociais, chegando, em certo momento, a se questionar se havia Castro Alves conhecido Marx. É claro que a preocupação abolicionista castroalvina e seu empenho, não apenas em seus versos, mas sobretudo na sua atuação política, em favor dos negros escravos colaboraram para uma leitura que só engrandecia a poesia de Castro Alves. Ao final da biografia de Jorge Amado, me perguntei se o poeta merecia todos os elogios esteticamente ou "apenas" por uma questão humanitária, isto é, seus poemas eram formalmente bons ou boa era apenas a sua temática? Para responder, ninguém melhor do que o próprio poeta.
Lendo Espumas flutuantes, seu único livro publicado em vida, mantive minha opinião acerca da poesia romântica - não me agrada. Reconheço, em poemas como "Quando eu morrer", por exemplo, um ritmo que denota o talento do poeta, que não é considerado, nas palavras de Antonio Candido, "um grande poeta, quiçá o maior do Romantismo" à toa. Apesar de Candido, ao contrário de Jorge Amado, também apontar aspectos negativos da sua criação poética, como rimas um pouco forçadas e o exagero de apostos, a qualidade da poética de Castro Alves é inegável. Em muito pouco tempo de vida, ele foi de um fôlego invejável, não se limitando a cantar os amores juvenis comuns aos românticos, mas, principalmente, em elevar o negro escravo à condição de herói, numa época em que barreiras sociais, psicológicas e estéticas quase que inviabilizavam a presença do negro na literatura.
Não sei dizer se uma arte que não aponta questões políticas e sociais é de menor relevância e alienada - não vou entrar nessa discussão agora -, mas, mesmo que Castro Alves tenha sido um péssimo poeta, o que não é o caso, só a luz que ele lançou sobre a questão escravagista já seria suficiente para que ele figurasse entre os grandes da nossa literatura. Continuo não sendo um leitor fervoroso do romantismo, mas isso é uma outra história.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Desde que me entendo por gente que sempre presenciei minha mãe escrevendo diários, religiosamente. Naturalmente, minha curiosidade gritava-me para lê-los, mas ela dizia - e continua dizendo - que seus escritos eram por demais íntimos e que ninguém poderia lê-los. Diante da minha insistência, limitava-se a dizer que, após a sua morte, eu e quem mais quisesse teríamos caminho livre até seus segredos inconfessáveis. Desde então que aguardo pacientemente a leitura...
Apesar das nossas incontáveis divergências, de nosso relacionamento difícil e de nossos modos de ver o mundo discrepantes, sempre reconheci que minha mãe é uma pessoa talentosíssima, uma verdadeira artista. A única vez, há anos atrás, que me atrevi a dar uma olhada furtiva num diário que ela havia deixado displicentemente sobre sua mesinha de cabeceira, li um dos poemas mais belos que até então já lera. Isso só aumentou minha ansiedade e minha curiosidade, não apenas para ler coisas lindas, mas, principalmente, para buscar algumas respostas que me ajudem a entender minha mãe e, consequentemente, a nossa relação.
Eis que chego hoje a sua casa para buscar a Maria Eugênia e recebo a seguinte informação: como minha mãe começou a escrever diários aos sete anos de idade, ela comprou um também para a minha filha, incentivando-a a tal prática. Achei ótimo, mas não sabia que datava de tão longa data seus diários. São aproximadamente sessenta anos de diários para ler (aproximadamente porque a idade de minha mãe é um mistério). Mas o choque veio a seguir. Ela, na maior calma do mundo, me disse que rasgou os primeiros anos de sua prática diarista porque não tinha mais onde guardá-los. Como assim?! Como alguém pode rasgar seus diários, o registro único de uma vida, de um pensamento, de um ponto de vista único e intransponível? E eu que estou aguardando todos esses anos para o momento de poder lê-los! O que uma criança de sete anos poderia ter registrado para o futuro? O que a motivara? Quais seus sentimentos, seus anseios e suas perspectivas? Jamais saberei...
Resta-me agora torcer para que ela, antes de morrer, não resolva por fim aos anos que restaram que, segundo ela, são do ano em que ela veio para o Rio de Janeiro e que eu calculo serem uns quarenta, mais ou menos.