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quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

A morte do autor

Barthes, há muito, já decretara a morte do autor. E foi à luz do pensamento estruturalista e formalista que eu compreendia a literatura, desde os tempos do colégio. Ainda de calça curta, ouvia os professores me explicarem que narrador e autor são categorias diferentes, que não devem ser confundidos. Não ficava bem para um aluno antenado, como eu, cometer o equívoco de atribuir ao autor a voz do narrador. Com isso em mente ingressei no curso de Letras (português/literaturas), na UFF, em meados da década de 90. Durante toda a minha graduação, ignorei solenemente qualquer referência autobiográfica que pudesse tentar ajudar a leitura da obra, afinal o autor estava morto, deveria ser ignorado. Uma literatura que se quisesse séria, com algum rigor estético, não se resvalaria em autobiografismos.
Essa minha convicção me acompanhou, tardiamente, confesso, até o ano de 2007, quando comecei a fazer um curso de especialização em literatura brasileira, na UERJ. Nesta ocasião, percebi que já não era mais possível ignorar a figura autoral no texto literário; ao contrário, a literatura contemporânea mesclava, no ambiente ficcional, referências autobiográficas e ficção. Para se compreender a produção contemporânea, era necessário perceber de que forma o autor se autoficcionalizava, como sua vida empírica recebia um tratamento ficcional, por que razão era usual, dentre os escritores contemporâneos, uma linha tênue entre realidade e ficção. Estive às voltas com essas questões durante o curso em 2007 e nos dois anos seguintes, agora já no curso de mestrado em literatura brasileira, também na UERJ.
Defendida a dissertação, pretendia seguir a pesquisa, agora no doutorado. Ainda havia questões a serem respondidas e que não encontraram espaço nos dois anos de prazo do mestrado. Para o doutorado em literatura comparada, os blogs pareciam oferecer um ótimo corpus para me ajudar a entender a presença autoral nos textos literários. Semelhantemente às crônicas, os blogs trazem um eu que se confessa diariamente, mas sem permitir ao leitor saber ao certo se deve ou não confiar no que lê. Trata-se de um relato autobiográfico? É ficção tão somente? Na realidade, esse tipo de questionamento já não tem mais muita importância, mas sim saber onde reside a motivação para essa nova escrita do eu. E quais são suas peculiaridades.
A fim de me ambientar a essa nova forma de escritura, criei o meu próprio blog com a finalidade de registrar minha vida acadêmico-literária. Se eu iria pesquisar a autoficção nos blogs, nada mais natural que eu também tivesse o meu. Apesar de ter escrito um projeto para trabalhar com os diários virtuais, nunca fui um leitor muito entusista dos blogs, por isso precisava achar uma forma de ficar mais virtual, mais próximo e mais íntimo do meu objeto de estudo. Uma faceta autoral se expunha neste blog; o autor não podia mais estar morto.
Ano passado tentei pela primeira vez o concurso do doutorado, mas fui reprovado na prova de língua instrumental. Depois de ter o projeto aprovado, de ter ido bem na entrevista, consegui a proeza de não passar na prova de inglês. What? É, eu não passei na prova de inglês. Bom, não tive escolha a não ser tentar novamente este ano, mas optei fazer espanhol por via das dúvidas. Nunca estudei espanhol na vida, mas a proximidade com o português me deu a confiança necessária para arriscar. E novamente me dei mal. Não estou apto para ler nem em inglês nem em espanhol. Só tenho uma segunda língua - francês -, insuficiente para quem visa o doutorado.
Como este blog existia para registrar minhas atividades acadêmico-literárias e como estas atividades foram suspensas, volto à minha compreensão inicial de literatura e decreto novamente a morte do autor. Morre aqui este blogueiro e renasce um leitor despreocupado com questões teóricas e filosóficas. Por um lado me sinto aliviado, pois recuperarei uma relação prazerosa e lúdica com a literatura, sem a necessidade academicista por trás da leitura. Enfim, é isso, me despeço de vocês - o autor está morto.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Mais um aniversário. Dia de me dar folga, fazer todas as minhas vontades e, naturalmente, ganhar presentes. Foram muitos e muito legais, mas nenhum se compara ao que o meu irmão me deu - História completa do Brasileirão, do Roberto Assaf. Meu irmão é conhecido pelos super presentes que sempre me dá, mas dessa vez se superou. Não acreditei, fiquei fascinado com o livro. Não é um livro qualquer, é a História completa do Brasileirão! Fartamente ilustrado e muito bem documentado, com um acabamento impecável.
Sou carioca, nascido no dia do samba, rubro-negro e fanático por futebol. Sou também um cara bastante simples, interessado em mulher e futebol, tudo mais é o resto. Está certo que este ano o Flamengo esteve meio mal das pernas, com um campeonato para ser esquecido. Mas continuamos o único time grande do Rio de Janeiro que nunca - eu disse NUNCA - foi rebaixado.
História completa do Brasileirão é o livro, os outros são só literatura. Valeu, Guga, adorei o presente! Agora, com licença, vou retomar a leitura.