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terça-feira, 30 de agosto de 2016

Do Amor - cena XVII

Narciso,
além do espelho
acreditava ter a sapiência divina
- destronara e matara Deus,
objeto fugitivo da sua bela racionalização

Impreciso, 
ouviu o evangelho
espelhava ser a aparência angina
- perdoara e retornara aos seus,
abjetos lenitivos da mera conversão

terça-feira, 23 de agosto de 2016

Do Amor - cena XVI

Iansã venta
sopra as impurezas
limpa e renova a energia

Dá força e remoça
os desabrigados para
recomeçarem tudo

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Do Amor - cena XV

Lágrimas e suor
toda a epiderme 
refletindo aquilo que
não é:
anseios, desejos,
sensações, privações e provações.
A razão.
Tudo o que não há,
que viria a ser. O porvir.
Deu o sangue
- vida nenhuma do nada - 
por mais um
poema.

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Do Amor - cena XIII

Viveram juntos e eram felizes
prima-vera-vida

Ela nublava-se convicta
- dedicava-se tempo integral a seu par
dizia-se não para o sim do outro solfeliz

Alegre e bendito, ele partiu radiante
ela escureceu e chorou águas de inverno

Foi a obscuridade da solidão
a descoberta do 
amor-
próprio

Do Amor - cena XII

Cadavérico,
cultivava um bigode amarelo
indício da nicotina,
alimento de seu espírito.

As unhas eram grandes e sujas
e as olheiras denunciavam o
amor platônico
de um homem insone
pelo sonho - sempre pesadelo.

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Do Amor - cena XI

Faminto
sentado na calçada da metrópole
aceitou como óbolo da madame
um pão.
Repartiu-o com seus
iguais

Do Amor - epílogo

Louco, 
amarrado na cama da psiquiatria
se mostrou são como nunca:
cuspiu os remédios prescritos pelo alienista
e se curou com
poesia

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Do Amor - cena X

Desgraçado,
sentou no chão e fumou.
Olhava vidrado para o nada
- metonímia de sua vida.
Sem amor, amigos, bens, horizonte
sem perspectiva e futuro. Nenhuma história
- sem presente.
Respirou, suspirou
e pendurou-se na corda
- as pernas debatiam-se como a procurar o caminho nunca percorrido.

Amou-se num espasmo de sufoco.

Ninguém lembrou do corpo
roxo e 
liberto