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segunda-feira, 26 de março de 2012

O livro da metaficção

Recomendo a leitura de O livro da metaficção, de Gustavo Bernardo. Nele, o autor, professor de teoria da literatura da UERJ, ultrapassa os limites da literatura para discutir ficção, realidade, arte em exemplos retirados das artes plásticas, do cinema, da televisão, do teatro, das charges e, por que não, da literatura também. Como os blogs, na minha opinião, são um discurso metaficcional por natureza, fica aqui a dica de leitura. Excelente leitura.

domingo, 25 de março de 2012

Tarsila do Amaral - percurso afetivo

Finalmente a exploração da intimidade foi capaz de oferecer algo que realmente vale a pena. A exposição em cartaz no CCBB até 29 de abril, Tarsila do Amaral -percurso Afetivo, reúne, depois de 40 anos, telas de uma das mais importantes artistas brasileiras. Com curadoria de Antonio Carlos Abdalla e Tarsilinha do Amaral, a exposição foi organizada a partir do Diário de Viagens da artista, escrito durante suas andanças, nos anos 20, com Oswald de Andrade. Os trabalhos expostos no CCBB obedecem, portanto, a um critério intimista, pessoal e afetivo, mas, com isso, o que está em evidência é a arte de Tarsila, não futilidades acerca de alguma "celebridade". Os fetichistas, porém, poderão ver, também, alguns pincéis e espátulas utilizados por ela, cartas e agenda de telefone. Deste modo, o percurso afetivo e intimista da artista fica reforçado, mas, em primeiro plano está a sua arte.

Quem for ao CCBB poderá aproveitar a ocasião e visitar também a exposição Anticorpos, dos irmãos Fernando e Humberto Campana, até o dia 6 de maio. Os irmãos Campana têm a preocupação de criar designs artísticos para objetos da produção industrial, fugindo, assim, da produção em série e criando objetos singulares e auráticos.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Pensar as artes

Extraordinária a conferência proferida pelo extraordinário Ferreira Gullar ontem na ABL. Para Pensar as artes, seu tema de ontem, Gullar valeu-se de sua experiência e atividade como crítico de arte para se concentrar nas artes plásticas. Cheio de humor, de irreverência e de informalismo, em pouco mais de sessenta minutos ele fez um breve histórico da Renascença até a arte moderna e conceitual.
Segundo ele, há dois tipos diferentes de pensamento sobre arte: o pensamento dos teóricos, que se constrói a posteriori da conclusão da obra, e o pensamento dos artistas, que se dá durante o processo de construção criativa. E foi com extrema argúcia que ele arrancou gargalhadas e aplausos do público ao, na posição de quem pensa a arte já pronta, comentar e ironizar as reflexões dos artistas que idealizaram e praticam a arte conceitual.
Crítico maldito, como se autodefine, pois é avesso à arte conceitual, enumerou algumas razões para sua aversão. Citando Duchamp como um dos exemplos, questionou até que ponto é válida a categorização de arte a um urinol. A retirada de um objeto de seu contexto e a sua exposição em um museu conferem a este objeto um outro paradigma, mas a simples recontextualização de um urinol não deve ser suficiente para outorgar-lhe o conceito de arte. Até porque, para que, neste caso, o urinol seja considerado arte, é necessário que ele seja exposto em um museu. E que vanguarda seria essa que necessita de uma instituição para referendar a sua qualidade artística? Segundo Gullar, o sentido da vanguarda é ruptura, portanto a dependência de um espaço institucional para que a arte seja arte contradiz o que deveria ser o vanguardismo de se considerar arte um urinol. A arte é, por definição, não institucional, e a arte conceitual seria contraditória porque arte não é conceito.
No único momento em que ele deixou de falar de pintura e citou a poesia, disse, mostrando uma folha em branco, que, ao escrever um poema, tudo é possível, pois, justamente, a folha está em branco. Ao escrever a primeira palavra, há acaso, gratuidade, que diminui substancialmente na segunda palavra, que já é fruto da necessidade. Para Gullar, a arte é a vitória sobre o acaso, é transformar a gratuidade em necessidade, e, para isso acontecer, ela não precisa estar vinculada a nenhuma instituição.
Quando a Monalisa foi roubada e ficou desaparecida por cerca de dois anos, ela foi encontrada dentro de uma mala cheia de roupa suja. E, mesmo dentro desta mala, ela continuava a ser a obra-prima de Leonardo da Vinci, não precisava de um museu, tampouco de uma instituição, para ter assegurada sua essência artística. Independente de qualquer coisa, a despeito de onde está exposta, a arte é. Mesmo porque nenhuma arte que se quer moderna pode estar exposta em museu, afinal, se museu é local de "coisa velha", haveria algo mais contraditório do que Museu de Arte Moderna?

quinta-feira, 8 de março de 2012

Dilema

Minha caçula, de quatro anos de idade recém-completados, está no quarto ouvindo - e cantando a plenos pulmões - Luan Santana. Presente ingrato de meu cunhado, o dvd do novo ídolo juvenil arrebatou mais uma fã... Não sei o que fazer... Aceito sugestões.

terça-feira, 6 de março de 2012

O que significa pensar

Teve início hoje, na ABL, o primeiro Ciclo de Conferências deste ano, intitulado Pensar Hoje I. A conferência de abertura foi de Emmanuel Carneiro Leão, O que significa pensar. As três conferências que completam este primeiro ciclo serão Pensar as artes, por Ferreira Gullar, Pensar a Humanidade, por José Arthur Giannotti, e Pensar as ciências humanas, pelo acadêmico Candido Mendes. Sempre às terças-feiras, às 17 e trinta, no teatro R. Magalhães Jr. Vale a pena comparecer, pois "a História vem conjugando os verbos ser e pensar".