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terça-feira, 28 de dezembro de 2021

Poucas e felizes testemunhas

27 de dezembro de 2021. 21h. Copacabana. Beco das Garrafas. No super povoado bairro de uma grande cidade, havia um grupo de felizes testemunhas de um show excelente e intimista, para poucos. Eduardo Braga reuniu um time de músicos de primeira linha para comemorar seu aniversário em grande estilo. 

Antes do show iniciar, dei dois dos meus mais recentes livros de presente a Eduardo, mas o grande presente quem recebeu fomos eu e os poucos felizardos que testemunharam a volta aos poucos do talentosíssimo Eduardo. 

Grande fã, entusiasta e conhecedor do Clube da Esquina, abriu os trabalhos com uma sessão de seu projeto Jazzin'Minas, com arranjos jazzísticos excepcionais para clássicos da turma de Bituca e companhia. Recordo que assisti a esse show anos atrás e saí maravilhado com a capacidade musical de releituras excelentes do já excelente Clube. O grande diferencial ao apresentar as músicas é justamente oferecer algo para além da excelência dos músicos mineiros, e isso Eduardo faz, fez e continuará fazendo com maestria. 

Eduardo não apenas recuperou seu projeto sobre o Clube da Esquina, mas festejou também tocando músicas de um novo projeto - infelizmente interrompido pela pandemia mas que em fevereiro retomará - com clássicos de grandes artistas dos anos 60, desde Beatles, passando por Dylan e outros. A MPB também se fez presente na releitura de ontem. 

Olhando para o palco, fiquei comovido não apenas pelo som, mas também pelo olhar de felicidade do aniversariante, ocupando um espaço que é seu por direito - o palco. 

Sinto-me grato por ter sido uma das poucas testemunhas do show de um artista singular porque plural. Aguardemos a chegada de fevereiro para mais música de qualidade. 

sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

Representações de etnicidade: perspectivas interamericanas de literatura e cultura, de Eurídice Figueiredo

Fui aluno de Eurídice Figueiredo no primeiro período da Faculdade de Letras da UFF em 1994. Então a disciplina era Francês Instrumental e não mais mantive contato com ela até o lançamento do livro O futuro pelo retrovisor, organizado por Stefania Chiarelli, Gionanna Dealtry e Paloma Vidal em 2013. Na ocasião, quando vi Eurídice entrando na livraria, me aproximei e iniciamos um bom papo. Eu estava no primeiro ano do doutorado e meu projeto era sobre autoficção. Ao comentar isso com ela, me disse que em poucos dias lançaria seu livro Mulheres ao espelho: autobiografia, ficção, autoficção. Compareci ao lançamento e desde então sou leitor assíduo de Eurídice Figueiredo. Pouco depois estávamos em um congresso na UFBA, quando conheci os queridos amigos Luciano, Rodrigo, Anna e Laura. Formou-se então o melhor grupo de trabalho possível, acrescido posteriormente pela Inês. Ainda hoje nos reunimos regularmente. Costumo dizer que as amizades que construí ao longo do doutorado foram a minha maior e melhor herança que os anos de doutoramento me trouxeram.

A tese sofreu um desvio e não escrevi dobre autoficção, mas sim sobre Machado de Assis, cujo resultado é meu mais recente livro Bruxaria do início ao fim: o projeto filosófico-(meta)ficcional de Machado de Assis, recém-editado pele EdUERJ. É curiosa a forma como se deu a mudança do projeto inicial da literatura contemporânea para a obra do bruxo. Recordo-me que Ana Cláudia Viegas, minha orientadora do mestrado, cujo resultado foi meu segundo livro, Eu: itinerário para a autoficção (7 Letras), certa vez afirmou que eu não me encaixava na literatura contemporânea, pois minha predileção sempre foi pelos clássicos. E ainda é. Eu também tinha certa implicância com os Estudos Culturais, o que começou a desaparecer após a leitura dos livros de Eurídice, muito provavelmente porque passei a melhor compreender tanto a literatura contemporânea quanto os Estudos Culturais.

Acabei de ler Representações da etnicidade e estou maravilhado. A maneira como são construídas as análises culturais e literárias das questões pós-coloniais e das obras é extremamente rica e bem embasada, uma verdadeira aula de literatura. Aliás, essa é a tônica das publicações da Eurídice, pesquisadora arguta cuja perspicácia e erudição são exemplares. Ainda tenho maior apreço pela literatura clássica do que pela contemporânea, mas cada vez mais, influenciado pelas leituras da ex-professora e atual amiga, sinto-me instigado a ler com mais assiduidade a produção atual. Não é meu propósito aqui escrever uma resenha crítica sobre o livro, mas recomendo fortemente sua leitura. Questões como Estudos Culturais, Etnicidade, Memória dentre várias outras são muito bem trabalhadas. No meu caso, é como se houvesse um antes e um depois das leituras de seus livros.

Também registro que tive a honra e o prazer de revisar sua próxima publicação, A nebulosa do (auto)biográfico: vidas vividas, vidas escritas, a sair em breve pela Zouk.