Sou uma pessoa confusa, talvez. Uma pessoa. Sem adjetivos, é melhor. Sou apenas uma pessoa. Não acredito em Deus, mas sou umbandista e trabalho com meus guias. Acredito, portanto, em espíritos. Em Deus, não. Descarece entender. Deus, para mim, é o Tempo, deus supremo. O mais poderoso, brincalhão e sacana que há. Deus dos deuses. Sinto, porém, que meu Tempo acabou. Talvez para recomeçar. Tempo espirituoso. Sua vilania roubou-me o tempo. Ou sua ironia irá recomeçar tudo. Again and again and again and again.
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sábado, 24 de dezembro de 2016
domingo, 18 de dezembro de 2016
segunda-feira, 12 de dezembro de 2016
TODOS
Contrário
à esquizofrenia dos sujeitos múltiplos
que habitam em
mim
cada qual gritando desejos divergentes
inconsistentes e inconscientes
sigo reto direto e incerto
por um
único
caminho
solitário
sem
fim
à esquizofrenia dos sujeitos múltiplos
que habitam em
mim
cada qual gritando desejos divergentes
inconsistentes e inconscientes
sigo reto direto e incerto
por um
único
caminho
solitário
sem
fim
sexta-feira, 9 de dezembro de 2016
terça-feira, 6 de dezembro de 2016
SIM
Amanhece, como em todas as manhãs, sem querer erguer-se da cama. Traga o cigarro ainda apagado e então levanta-se em busca do fósforo, instrumento para a combustão urgente para acender o espírito. Eis que a vida, entre baforadas, sorri para o infeliz. Toca o telefone, no volume mais alto possível, espécie de fanfarra estridente. Na linha, a voz do amor. Gagueja o semi-desperto e sorri ao som do inusitado, sempre a pilheriar com os incrédulos. Recebera, de supetão, um pedido de casamento. Inábil e rancoroso com o Cupido, emudeceu e somente disse o inaudito. Desfilou o rosário de impudências e imprudências, quando tudo que precisava dizer era um simples sim. Diante do fantástico, o amor, despeitado, virou raiva, talvez mágoa, vá saber o Tempo, deus dos deuses. Mal acordara, já não tinha mais nem casamento, nem companheira. Cansou-se a mulher, não antes de reduzi-lo a nada. Encontrou abrigo num quarto, longe de casa e do mundo, distante da vida que já não tinha.
quarta-feira, 30 de novembro de 2016
sábado, 26 de novembro de 2016
Do Amor - cena XXXI
O amor não termina assim.
Pra mim apenas mina o rubor
que germina com dor pro fim.
Sangro uma tina de jasmim incolor
e parto, sem ir, enfim.
O amor ensina e confina o ama(dor)
Pra mim apenas mina o rubor
que germina com dor pro fim.
Sangro uma tina de jasmim incolor
e parto, sem ir, enfim.
O amor ensina e confina o ama(dor)
terça-feira, 22 de novembro de 2016
segunda-feira, 21 de novembro de 2016
sexta-feira, 18 de novembro de 2016
segunda-feira, 14 de novembro de 2016
Vivendo e Não Aprendendo
Plebe,
ao mesmo tempo rude e inocente,
qual mutante, seco e molhado,
abandono o Gueto,
caverna de onde nunca saí,
com ira, cólera e ojeriza de
Uns e Outros,
legião de barões sem sucesso,
verdadeiros picassos falsos,
interessados em lhe dar,
minha Vênus,
aquilo que somente eu, titã, posso oferecer
- Violetas de Outono
ao mesmo tempo rude e inocente,
qual mutante, seco e molhado,
abandono o Gueto,
caverna de onde nunca saí,
com ira, cólera e ojeriza de
Uns e Outros,
legião de barões sem sucesso,
verdadeiros picassos falsos,
interessados em lhe dar,
minha Vênus,
aquilo que somente eu, titã, posso oferecer
- Violetas de Outono
domingo, 13 de novembro de 2016
Do Amor - cena XXX
Domingo,
chovo e arrebento-me
no asfalto e na terra
águo-me em todos os lugares
para renascer
violeta para você
sábado, 29 de outubro de 2016
Do Amor - cena XXIX
O amor é imperdoável
sentimento do nada
assentamento do outro
na obliteração do eu
para todo o sempre
recôndito
sentimento do nada
assentamento do outro
na obliteração do eu
para todo o sempre
recôndito
sábado, 15 de outubro de 2016
quinta-feira, 13 de outubro de 2016
Do Amor - cena XXVII
Prazer sexual
nunca sentiu
mas o amava tanto
que fingia ser
gozo
o
gozo
que
nunca sentiu
nunca sentiu
mas o amava tanto
que fingia ser
gozo
o
gozo
que
nunca sentiu
sábado, 1 de outubro de 2016
Do Amor - cena XXV
Eu te amo.
Mulher.
Muita,
toda mulher.
Amo em ti
mulher toda
que eu amo.
Mulher,
eu me amo!
Mulher.
Muita,
toda mulher.
Amo em ti
mulher toda
que eu amo.
Mulher,
eu me amo!
sábado, 24 de setembro de 2016
Do Amor - cena XXIV
O amor de
Deus
é infinito e incondicional
deu seu filho
para que tivéssemos a
glória
de assassiná-lo
na cruz
e a eternidade para expiar
a culpa
Regozijo do Senhor
de si mesmo
a-dor-a-dor
Deus
é infinito e incondicional
deu seu filho
para que tivéssemos a
glória
de assassiná-lo
na cruz
e a eternidade para expiar
a culpa
Regozijo do Senhor
de si mesmo
a-dor-a-dor
quinta-feira, 22 de setembro de 2016
Do Amor - cena XXIII
Sanidade possui
músculo que bombeia
no mesmo compasso
sangue para o corpo desumano
inanimado
- repetição monotemática e enfadonha
Há verbete para o amor?
(substantivo incomum)
Há lembrete para amar?
(infinitivo algum)
Insanidade insiste
nos mesmos acertos
- embora sempre outros -
incompreendidos
por quem desama
... e a razão não aprende a amar com a loucura...
músculo que bombeia
no mesmo compasso
sangue para o corpo desumano
inanimado
- repetição monotemática e enfadonha
Há verbete para o amor?
(substantivo incomum)
Há lembrete para amar?
(infinitivo algum)
Insanidade insiste
nos mesmos acertos
- embora sempre outros -
incompreendidos
por quem desama
... e a razão não aprende a amar com a loucura...
terça-feira, 20 de setembro de 2016
Do Amor - cena XXII
Tido como louco
incapaz, impróprio, insano, inapto
explodiu-se.
A prole
uniu-se para limpar as paredes vermelhas
catar ossos, miolos e vísceras.
Em silêncio.
A labuta funérea
aproximou os órfãos
o luto cessou a luta
- enfim amor fraterno.
O louco foi são
no segundo da detonação
incapaz, impróprio, insano, inapto
explodiu-se.
A prole
uniu-se para limpar as paredes vermelhas
catar ossos, miolos e vísceras.
Em silêncio.
A labuta funérea
aproximou os órfãos
o luto cessou a luta
- enfim amor fraterno.
O louco foi são
no segundo da detonação
domingo, 18 de setembro de 2016
Do Amor - cena XXI
Antes do verbo (amar)
Deus, sábio perverso e inclemente,
dotou suas criaturas com
a mais pervertida das capacidades
sensíveis
- olhar
Desejo e ódio
a um só tempo desde então
coexistem
Deus, sábio perverso e inclemente,
dotou suas criaturas com
a mais pervertida das capacidades
sensíveis
- olhar
Desejo e ódio
a um só tempo desde então
coexistem
sexta-feira, 16 de setembro de 2016
Do Amor - cena XX
De papelão
a cama ninava
o velho sob a noite
fria.
Abraçado com a
garrafa de cachaça
ele retribuía com
calor
- etílico, humano.
a cama ninava
o velho sob a noite
fria.
Abraçado com a
garrafa de cachaça
ele retribuía com
calor
- etílico, humano.
segunda-feira, 12 de setembro de 2016
Do Amor - cena XIX
O que sentia
causava-lhe dor
sangrava intermitente
reabria chagas
cegava e ensandecia
Carótida e coronária
cúmplices
entupiam-se
Então, a vertigem:
desamor, não
ele era a-mor
causava-lhe dor
sangrava intermitente
reabria chagas
cegava e ensandecia
Carótida e coronária
cúmplices
entupiam-se
Então, a vertigem:
desamor, não
ele era a-mor
domingo, 11 de setembro de 2016
terça-feira, 30 de agosto de 2016
Do Amor - cena XVII
Narciso,
além do espelho
acreditava ter a sapiência divina
- destronara e matara Deus,
objeto fugitivo da sua bela racionalização
Impreciso,
ouviu o evangelho
espelhava ser a aparência angina
- perdoara e retornara aos seus,
abjetos lenitivos da mera conversão
terça-feira, 23 de agosto de 2016
Do Amor - cena XVI
Iansã venta
sopra as impurezas
limpa e renova a energia
Dá força e remoça
os desabrigados para
recomeçarem tudo
sopra as impurezas
limpa e renova a energia
Dá força e remoça
os desabrigados para
recomeçarem tudo
quinta-feira, 18 de agosto de 2016
Do Amor - cena XV
Lágrimas e suor
toda a epiderme
refletindo aquilo que
não é:
anseios, desejos,
sensações, privações e provações.
A razão.
Tudo o que não há,
que viria a ser. O porvir.
Deu o sangue
- vida nenhuma do nada -
por mais um
poema.
toda a epiderme
refletindo aquilo que
não é:
anseios, desejos,
sensações, privações e provações.
A razão.
Tudo o que não há,
que viria a ser. O porvir.
Deu o sangue
- vida nenhuma do nada -
por mais um
poema.
sexta-feira, 12 de agosto de 2016
quinta-feira, 11 de agosto de 2016
Do Amor - cena XIII
Viveram juntos e eram felizes
prima-vera-vida
Ela nublava-se convicta
- dedicava-se tempo integral a seu par
dizia-se não para o sim do outro solfeliz
Alegre e bendito, ele partiu radiante
ela escureceu e chorou águas de inverno
Foi a obscuridade da solidão
a descoberta do
amor-
próprio
prima-vera-vida
Ela nublava-se convicta
- dedicava-se tempo integral a seu par
dizia-se não para o sim do outro solfeliz
Alegre e bendito, ele partiu radiante
ela escureceu e chorou águas de inverno
Foi a obscuridade da solidão
a descoberta do
amor-
próprio
Do Amor - cena XII
Cadavérico,
cultivava um bigode amarelo
indício da nicotina,
alimento de seu espírito.
As unhas eram grandes e sujas
e as olheiras denunciavam o
amor platônico
de um homem insone
pelo sonho - sempre pesadelo.
cultivava um bigode amarelo
indício da nicotina,
alimento de seu espírito.
As unhas eram grandes e sujas
e as olheiras denunciavam o
amor platônico
de um homem insone
pelo sonho - sempre pesadelo.
sexta-feira, 5 de agosto de 2016
Do Amor - cena XI
Faminto
sentado na calçada da metrópole
aceitou como óbolo da madame
um pão.
Repartiu-o com seus
iguais
sentado na calçada da metrópole
aceitou como óbolo da madame
um pão.
Repartiu-o com seus
iguais
Do Amor - epílogo
Louco,
amarrado na cama da psiquiatria
se mostrou são como nunca:
cuspiu os remédios prescritos pelo alienista
e se curou com
poesia
amarrado na cama da psiquiatria
se mostrou são como nunca:
cuspiu os remédios prescritos pelo alienista
e se curou com
poesia
segunda-feira, 1 de agosto de 2016
Do Amor - cena X
Desgraçado,
sentou no chão e fumou.
Olhava vidrado para o nada
- metonímia de sua vida.
Sem amor, amigos, bens, horizonte
sem perspectiva e futuro. Nenhuma história
- sem presente.
Respirou, suspirou
e pendurou-se na corda
- as pernas debatiam-se como a procurar o caminho nunca percorrido.
Amou-se num espasmo de sufoco.
Ninguém lembrou do corpo
roxo e
liberto
sentou no chão e fumou.
Olhava vidrado para o nada
- metonímia de sua vida.
Sem amor, amigos, bens, horizonte
sem perspectiva e futuro. Nenhuma história
- sem presente.
Respirou, suspirou
e pendurou-se na corda
- as pernas debatiam-se como a procurar o caminho nunca percorrido.
Amou-se num espasmo de sufoco.
Ninguém lembrou do corpo
roxo e
liberto
domingo, 31 de julho de 2016
Do Amor - cena IX
Diante de estranhos
desnuda-se
e revela não o corpo,
mas a alma sofrida,
retalhada, ainda não
cicatrizada.
A todos expõe
o quão baixo chegou
apenas para dizer:
"Ainda vivo e vale a pena"
desnuda-se
e revela não o corpo,
mas a alma sofrida,
retalhada, ainda não
cicatrizada.
A todos expõe
o quão baixo chegou
apenas para dizer:
"Ainda vivo e vale a pena"
quarta-feira, 27 de julho de 2016
HERANÇA MATERNA
para não afligir os seus
nem palavras nem imagens
nada de gritos
lágrimas são fugitivas
resta violência
( )
e
silêncio
Do Amor - cena VIII
A psiquiatria era a vida dela.
Apaixonado pela alienista
fez-lhe um mimo
- enlouqueceu
Atenta a seu ofício
depositou o marido doidivanas
num manicômio
Ele seguiu loucamando
mas a vida dela era a psiquiatria - contra pathos não há pathos
Apaixonado pela alienista
fez-lhe um mimo
- enlouqueceu
Atenta a seu ofício
depositou o marido doidivanas
num manicômio
Ele seguiu loucamando
mas a vida dela era a psiquiatria - contra pathos não há pathos
quarta-feira, 20 de julho de 2016
Do Amor - cena VII
Com zelo e esmero
podava, irrigava, floria
o jardim -
local do seu
enterro
onde
desabrocharia
e(n)fim
podava, irrigava, floria
o jardim -
local do seu
enterro
onde
desabrocharia
e(n)fim
segunda-feira, 18 de julho de 2016
Do Amor - cena VI
Em busca apenas de sexo barato
prazer imediato para uma vida
mediata
tornou-se pai para todo o
sempre
prazer imediato para uma vida
mediata
tornou-se pai para todo o
sempre
sábado, 9 de julho de 2016
terça-feira, 5 de julho de 2016
Do Amor - cena V
Apenas por caridade
as letras se juntaram todas e formaram
palavras
frases e parágrafos - texto para o regozijo do estúpido autor
Somente as letras sabiam
porém
que não diziam nada
as letras se juntaram todas e formaram
palavras
frases e parágrafos - texto para o regozijo do estúpido autor
Somente as letras sabiam
porém
que não diziam nada
segunda-feira, 4 de julho de 2016
Do Amor - cena IV
A Morte atravessou a enfermaria
sorriu
beijou a testa do moribundo
e lhe estendeu a mão
sorriu
beijou a testa do moribundo
e lhe estendeu a mão
quarta-feira, 29 de junho de 2016
terça-feira, 28 de junho de 2016
terça-feira, 5 de abril de 2016
Como ninguém não se torna o que não é
Eu não sou o que afirmo ser
tampouco aquilo que silencio
nada se lê a meu respeito nas entrelinhas
não coincido
desconhecido
porque desteço minha identidade como gesto
como episteme, como rebeldia
- que não é minha
Não sou em mim
nem no outro
nenhum lugar me cabe
muito menos aqui
Há vida a-penas no vácuo
onde jamais vivi
cadáver em vida
quarta-feira, 2 de março de 2016
ARTEFATO
Tempo -
déspota incontestável
tirano implacável
soberano indelével
inexorável
tirano implacável
soberano indelével
inexorável
Diante de vós
toda a humanidade subjuga-se
castra-se, apieda-se, compunge-se
exaure-se
finda.
toda a humanidade subjuga-se
castra-se, apieda-se, compunge-se
exaure-se
finda.
Os rebeldes e revoltosos,
igualmente destruídos pelo vosso
poder,
porém,
comprazem-se com as cicatrizes que lhe provocam
- marcas indefectíveis que denominamos
Arte
igualmente destruídos pelo vosso
poder,
porém,
comprazem-se com as cicatrizes que lhe provocam
- marcas indefectíveis que denominamos
Arte
ELISA
Doze anos se passaram
do nosso primeiro beijo
do nosso primeiro sexo
do nosso primeiro gozo
da nossa primeira noite
Doze anos se passaram
do nosso primeiro sexo
do nosso primeiro gozo
da nossa primeira noite
Doze anos se passaram
e o tempo - imutável -
revive o primeiro amor
revive o primeiro amor
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016
AMOR
Em terra de prisioneiros
quem é casado é rei
Amor é o carcereiro
da história que comecei
quem é casado é rei
Amor é o carcereiro
da história que comecei
A rainha, toda bela,
é mais livre do que eu
embora divida a cela
com o infeliz Prometeu
é mais livre do que eu
embora divida a cela
com o infeliz Prometeu
Sucedem-se as semanas
em plena morosidade
o casal somente emana
Condicional liberdade
em plena morosidade
o casal somente emana
Condicional liberdade
Plano de fuga, então,
ninguém nem sequer cogita
é a mais doce prisão
dessa dupla toda aflita
ninguém nem sequer cogita
é a mais doce prisão
dessa dupla toda aflita
O tal cupido é chamado
e aguarda de prontidão
com arco e flecha inflamados
pra reacender a paixão
e aguarda de prontidão
com arco e flecha inflamados
pra reacender a paixão
E assim seguem vivendo
na mais segura cadeia
com um abraço estupendo
erigem prisão de areia
na mais segura cadeia
com um abraço estupendo
erigem prisão de areia
terça-feira, 2 de fevereiro de 2016
sexta-feira, 22 de janeiro de 2016
sexta-feira, 15 de janeiro de 2016
PALAVRA DO SENHOR
Durmam
e sucumbam
ao inconsciente.
De olhos abertos
vejo a escuridão
aguço todos meus sentidos
Sou Deus
ao inconsciente.
De olhos abertos
vejo a escuridão
aguço todos meus sentidos
Sou Deus
segunda-feira, 4 de janeiro de 2016
Eva reverbera o ódio de deus
− infame mulher desobediente −
inclemente porque sem a maçã
bateu pezinho o todo poderoso
e baniu a cuja do paraíso
o siso coube ao homem Adão
covarde frade de seu criador
governante de um mundo careta
sério grave pífio sombrio fraco
a ela devemos a rebeldia
liturgia das ruas carnavais
Eva mãe subversiva dionisíaca
deu-nos a liberdade arte música
colo solo vida poesia
− infame mulher desobediente −
inclemente porque sem a maçã
bateu pezinho o todo poderoso
e baniu a cuja do paraíso
o siso coube ao homem Adão
covarde frade de seu criador
governante de um mundo careta
sério grave pífio sombrio fraco
a ela devemos a rebeldia
liturgia das ruas carnavais
Eva mãe subversiva dionisíaca
deu-nos a liberdade arte música
colo solo vida poesia
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