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quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Querida Ana,

fizeram de tudo para nos separar. A sociedade pequeno-burguesa, hipócrita e apegada às caretices burocráticas de um mundo sem sentido, não podia compreender, muito menos aceitar nosso amor. Eu, casado e pai de três filhas. Você, mãe solteira, com uma prole do tamanho do mundo, cada filho de um pai diferente, e ainda por cima cheia de amantes. E quem não ama nessa vida, Ana? Que se ame muito, e se são muitos que te deixam feliz, quem sou eu para reclamar. Aguardo na fila a minha hora de ser teu. Se são muitos que te deixam feliz, feliz fico igualmente. Também te amo, também te quero, preciso de você, por isso lutei contra tudo para continuar ao seu lado. Minha mulher há de compreender. Ou se resignar, pouco importa, a essa altura dos fatos.
Ana, torno público o que até bem pouco tempo era imponderável. Serei pai de um filho teu. Mais um, por que não? Você me completa. Sei que não gosta dessas cartas melosas, mas dane-se, escrevo para você publicamente porque não posso falar contigo nesse momento, provavelmente está em outros braços. Goze. Grite. Minta. Diga que foi pensando em mim. Ao menos na ficção estaria contigo agora, liberto dos grilhões da convenção daquelas pessoas na sala de jantar. 
À noite passarei aí. Você vai dizer que já nos vimos de manhã, mas hoje serei eu a ditar o ritmo das coisas. A cadência será minha. Abra-se e regozija-se, mas sob meu diapasão. Não escrevo mais, aconteço.

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