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terça-feira, 14 de maio de 2013

Passeando com o cão

Precisava escrever um texto para amanhã, o editor me mataria se eu descumprisse novamente o prazo. Já ouvi alguém dizer que os prazos foram feitos para serem descumpridos, mas a reincidência, no meu caso, já seria provocação demasiada. Com essa preocupação levantei-me da cama às dez da manhã. Após uma xícara de café e dois cigarros - meu desjejum habitual -, fui dar uma volta no quarteirão com o Cão, que sempre me mostra o caminho a seguir, me dá calma e direção em momentos difíceis.
Fui direto ao ponto. Não tenho ideias nem sequer assunto para mais uma crônica, estou cansado disso. Escrever antes era um prazer, agora se tornou um ofício, chato e cansativo como trabalhar em uma repartição pública. Tenho horror de compromissos, de labuta, sirvo para isso não. E mais, escrever para quem, se ninguém lê os malditos textos que escrevo! Pra que continuar insistindo nisso? Que o editor se foda!
O Cão me ouviu em silêncio, com seu habitual sorriso. Finalmente me disse que me transformaria em escritor consagrado mundialmente, com milhões de títulos publicados e traduzidos para diversos idiomas. Eu passaria a ser requisitado para dar palestras e seria premiado mundo afora. Está interessado, perguntou. Claro, respondi prontamente. Mas qual é sua condição, concluí em seguida. Tá vendo aquela mulher ali, disse o Cão aos risos. Sim. Pois case-se com ela.

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