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sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

Representações de etnicidade: perspectivas interamericanas de literatura e cultura, de Eurídice Figueiredo

Fui aluno de Eurídice Figueiredo no primeiro período da Faculdade de Letras da UFF em 1994. Então a disciplina era Francês Instrumental e não mais mantive contato com ela até o lançamento do livro O futuro pelo retrovisor, organizado por Stefania Chiarelli, Gionanna Dealtry e Paloma Vidal em 2013. Na ocasião, quando vi Eurídice entrando na livraria, me aproximei e iniciamos um bom papo. Eu estava no primeiro ano do doutorado e meu projeto era sobre autoficção. Ao comentar isso com ela, me disse que em poucos dias lançaria seu livro Mulheres ao espelho: autobiografia, ficção, autoficção. Compareci ao lançamento e desde então sou leitor assíduo de Eurídice Figueiredo. Pouco depois estávamos em um congresso na UFBA, quando conheci os queridos amigos Luciano, Rodrigo, Anna e Laura. Formou-se então o melhor grupo de trabalho possível, acrescido posteriormente pela Inês. Ainda hoje nos reunimos regularmente. Costumo dizer que as amizades que construí ao longo do doutorado foram a minha maior e melhor herança que os anos de doutoramento me trouxeram.

A tese sofreu um desvio e não escrevi dobre autoficção, mas sim sobre Machado de Assis, cujo resultado é meu mais recente livro Bruxaria do início ao fim: o projeto filosófico-(meta)ficcional de Machado de Assis, recém-editado pele EdUERJ. É curiosa a forma como se deu a mudança do projeto inicial da literatura contemporânea para a obra do bruxo. Recordo-me que Ana Cláudia Viegas, minha orientadora do mestrado, cujo resultado foi meu segundo livro, Eu: itinerário para a autoficção (7 Letras), certa vez afirmou que eu não me encaixava na literatura contemporânea, pois minha predileção sempre foi pelos clássicos. E ainda é. Eu também tinha certa implicância com os Estudos Culturais, o que começou a desaparecer após a leitura dos livros de Eurídice, muito provavelmente porque passei a melhor compreender tanto a literatura contemporânea quanto os Estudos Culturais.

Acabei de ler Representações da etnicidade e estou maravilhado. A maneira como são construídas as análises culturais e literárias das questões pós-coloniais e das obras é extremamente rica e bem embasada, uma verdadeira aula de literatura. Aliás, essa é a tônica das publicações da Eurídice, pesquisadora arguta cuja perspicácia e erudição são exemplares. Ainda tenho maior apreço pela literatura clássica do que pela contemporânea, mas cada vez mais, influenciado pelas leituras da ex-professora e atual amiga, sinto-me instigado a ler com mais assiduidade a produção atual. Não é meu propósito aqui escrever uma resenha crítica sobre o livro, mas recomendo fortemente sua leitura. Questões como Estudos Culturais, Etnicidade, Memória dentre várias outras são muito bem trabalhadas. No meu caso, é como se houvesse um antes e um depois das leituras de seus livros.

Também registro que tive a honra e o prazer de revisar sua próxima publicação, A nebulosa do (auto)biográfico: vidas vividas, vidas escritas, a sair em breve pela Zouk.

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