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quarta-feira, 21 de julho de 2010

Roland Barthes: do estruturalismo ao pós-estruturalismo I

Acordei cedo e rumei para a UFF, assistir ao seminário Roland Barthes: do estruturalismo ao pós-estruturalismo. Foram cinco apresentações pela manhã e quatro à tarde e, apesar de todas terem suas qualidades, apenas quatro me chamaram a atenção. A primeira foi da Ana Carolina de Almeida, estudante do mestrado em Ciência da Arte, intitulada Roland Barthes, artista plástico. Devo confessar que o que mais me chamou a atenção foi descobrir que Barthes era um pintor de fim de semana, como se autodenominava. Ignorantemente, desconhecia esta faceta do semiólogo. As telas mostradas pela Ana Carolina eram lindas e me comoveram, principalmente porque tenho uma relação, de certa maneira, estreita com as artes plásticas. Não que eu seja um pintor, jamais, apenas pintei uma aquarela quando tinha cinco anos de idade, no colégio, de presente de dia das mães e que hoje está pendurada no quarto das minhas filhas. Mas minha mãe é uma excelente artista plástica - a despeito de qualquer possível suspeita filial -, apesar de estar sem produzir há algum tempinho. Acredito que ela se ressente da perda de seu ateliê, nas Laranjeiras. Eis duas das telas de Eleonora Oci penduradas em minha sala. Perdoem-me, mas sou tão bom fotógrafo quanto pintor.
Não só minha mãe me deixa próximo das artes plásticas, minha princesinha mais velha herdou o talento da avó e, aos cinco anos de idade, já demonstra sua versatilidade com as tintas. Sempre quis ter uma filha artista, e aí vai uma amostra do talento de Maria Eugênia.
Somando-se, portanto, à minha ignorância sobre a arte pictórica de Barthes, os talentos familiares, adorei a apresentação da Ana Carolina.
A segunda apresentação que me entusiasmou foi a da Jacqueline dos Santos, uma mulata linda e dona de um sorriso encantador. Ela apresentou seu trabalho estabelecendo um diálogo entre as rodas de samba e as religiões afro-brasileiras, intitulado A idiorritmia e o viver junto: um ensaio barthesiano sobre a roda no "samba carioca". Fiquei fascinado porque jamais havia pensando nisso e, como macumbeiro, me interessei bastante. Depois, terminado o evento, descobri que ela mantém um blog sobre o centro que frequenta, uma feliz coincidência. Após o almoço com meu amigo Leonardo, repleto de confidências, retornamos para a segunda e última parte do evento desta terça-feira. A primeira apresentação foi do Gustavo Rademacher, um jovem cineasta que estava muitíssimo nervoso e que, por isso mesmo, quase colocou a perder a sua fala. A seu favor, porém, um texto belíssimo, literário, que fugia completamente do academicismo de seus antecessores. O Gustavo conseguiu mesclar realidade e ficção de uma maneira bastante inteligente e poética, o que foi ótimo para quebrar com a sisudeza muitas vezes comum na academia. O Gustavo finalmente nos mostrou que a arte é, de fato, o que interessa e vale a pena.
Nesse paradigma, meu amigo Leonardo encerrou o evento com maestria. Dominando muito bem o jargão acadêmico, sem, contudo, ser chato ou pedante, ele apresentou a comunicação intitulada Mentiras sinceras ou o canto do grão de amor. A meu ver, o Léo consegue produzir um texto acadêmico com veleidades literárias, sempre uma leitura prazerosa. Trouxe para a análise as canções Rock'n Raul, do Caetano Veloso, a resposta de Lobão para esta canção, chamada Para o mano Caetano, e a réplica de Caetano, nomeada Lobão tem razão. Fazendo referências ao pacto autobiográfico, discute o que vem a ser verdade e conclui afirmando que "a única verdade possível é a verdade estética".

2 comentários:

  1. Bruno,

    agradeço as palavras elogiosas.
    na verdade, como Barthes, penso que o segredo possível de um texto (de uma crítica), na contemporaneidade, é fazer um bom arranjo daquilo que já foi dito.
    foi isso que tentei fazer, aliás, é isso que tento fazer.

    abração
    Leo

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  2. Caro Bruno: Muitíssimo obrigado pelos comentários sobre nosso Evento. Espero reencontrá-lo na próxima terça-feira. Abraços gratos, Latuf

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