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terça-feira, 27 de julho de 2010

Roland Barthes: do estruturalismo ao pós-estruturalismo II

Quem leu o Diário de um eu sabe que a UFF desperta em mim sentimentos antagônicos. Por um lado, adoro a universidade onde me graduei e vivi momentos muitos bons da minha vida, por outro, ela me lembra, paradoxalmente, meus piores anos, gravados a ferro na pele. Por isso, sempre evitei ir à UFF, achava melhor não remexer no passado, deixar ele quieto, intocável. O seminário Roland Barthes: do estruturalismo ao pós-estruturalismo parece ter contribuído bastante para a superação desse impasse psicanalítico. De todas as falas hoje, perdi apenas a inaugural, do professor e coordenador do evento Latuf Isaias Mucci, devido ao meu atraso. As demais, conforme aconteceu no primeiro dia, foram todas muito boas, mas três me chamaram mais a atenção, não por serem melhores, mas por terem mais afinidade comigo.
A primeira foi a do Davi Andrade Pimentel, intitulada A fricção das linguagens na aula barthesiana. Na verdade, ela me agradou por eu ter ótimas lembranças da Aula de Barthes, rememorando minha preparação para o processo seletivo do mestrado, em 2007.
A segunda foi a da Luiza Faria Rodrigues, Imagens incidentais em Barthes. Ela trabalhou com o livro Incidentes. Em dado momento, Luiza diz que "o diário não é necessariamente confissão, é um memorial" e segue com mais algumas considerações sobre o diário. Confesso que fiquei na dúvida se a citação é dela ou do Barthes, mas o que importa é o interesse que eu tenho pelo tema, principalmente agora que me rendi aos diários virtuais. A busca pela identidade autoral é realmente importante, seja num blog, num romance ou num poema?
Luiz Gasparelli Júnior, seguindo nessa direção ao trabalhar com Roland Barthes por Roland Barthes, logo me chamou a atenção ao dizer que "Barthes é um grande mentiroso, mas um bom mentiroso" e complementa afirmando que "o segredo da autoficção é manter-se falando". Então sigamos e deixemos de enrolar.
Parece que a minha redenção uffiana se deu porque, depois de muitos anos - saí da UFF em 2000 -, me senti fazendo parte de alguma coisa ali. Isso não aconteceu na sala do evento, onde eu era só mais um, e sim no almoço. Minha intenção era almoçar na própria UFF, ou sozinho ou com o Léo, mas acabei me deixando levar para um restaurante em companhia dos meus novos colegas. Eu, um homem reservado, tímido, que não fala muito, que já havia sofrido muito em Ipanema ontem, me vi caminhando com uma pá de gente que eu mal conhecia em direção a um restaurante que eu não sabia onde era. Não sei como isso se deu, mas acabei sentado a uma mesa em companhia do Leonardo, da Jacqueline, da Heloísa e da Neli. E, apesar de mim, o almoço foi agradabilíssimo!
Consegui conversar, rir, falar sério e, pasmem, com naturalidade. Até com a turma que estava em outra mesa consegui estabelecer comunicação. Isso é quase um milagre. Até me inscrevi em mais uma disciplina do doutorado, que será oferecida em conjunto por professoras da UFF, da PUC e da UFRJ, lá na PUC. O curso é Visões da literatura a partir de Walter Benjamin. Memória, trauma, tradução, testemunho.
Semana que vem voltarei à UFF para outro evento, e parece que agora sem os fantasmas de outrora. Agradeço muito aos meus novos e talentosos amigos.

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