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domingo, 18 de setembro de 2011

Cabeça-de-vento

Cabeça-de-vento, para Bia Bedran, é qualquer um capaz "de deixar a marca da arte inventiva impressa na vida das pessoas". Com um espetáculo lindo, em cartaz no Teatro Dulcina, Bia, em conjunto com seu irmão Guilherme Bedran (violino, bandolim e voz), Tadeu Santiago (teclado e acordeão) e Paulão Menezes (percussão), oferece às crianças - e aos adultos também! - um show repleto de suas já clássicas canções e de contação de história. Além da inegável qualidade musical, o grande diferencial de Bia Bedran é justamente apresentar, nesses tempos de cultura de massa, um universo lúdico sem o apelo da Indústria Cultural, da massificação que se busca dar às obras infantis. Não se trata, no trabalho de Bia, de idiotizar a criança, tampouco infantilizar temas impróprios para os pequenos, mas, ao contrário, tratar a criança como criança, respeitando seu tempo e estimulando sua imaginação.
Bia Bedran consegue, há gerações, manter o seu compromisso com a ludicidade, com o folclore e com as raízes populares de maneira singular. Haja vista a quantidade de pais e mães presentes no show que se renderam ao talento da artista e se portaram como verdadeiras crianças - a começar por mim, que certamente estava com o Joãozinho por perto. Maria Eugênia chegou a me perguntar por que eu não parava de chorar... Cantei, dancei, brinquei. Desconfio de que os pais acabaram gostando mais do show do que as crianças, pois trazem consigo uma memória afetiva de sua infância embalada ao som de Bia.
Uma mãe, ao final do show, na sala de autógrafos, disse à Bia que ela havia marcado a sua infância, dando-lhe um beijo e um abraço. Outra, a Roberta, com quem fiz amizade no metrô, de volta para casa, compartilhou comigo, com carinho e saudade, os tempos idos. O show, por pouco mais de uma hora, permitiu que adultos abandonassem a sisudez das máscaras sociais e dessem passagem para a criança que há em cada um de nós.
Bia Bedran consegue, há gerações, o sucesso com seu público, sempre conquistando novos e pequenos admiradores, porque trata a criança como criança, respeitando-a, incentivando-a e estimulando-a. É importante e necessário que os pais desobriguem as crianças a ficar diante da televisão, assistindo a desenhos cada vez mais violentos e a séries enlatadas idiotizantes. A arte voltada ao público infantil é muito rica e séria, afinal, para se alcançar com êxito os pequenos, só sendo mesmo um cabeça-de-vento.

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