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segunda-feira, 26 de julho de 2010

Lua cheia em Ipanema

Quase nunca vou à Ipanema. Não me sinto à vontade lá, não pertenço àquela realidade. Hoje, porém, havia um belo motivo para sair do conforto de meu apartamento, enfrentar o trânsito da hora do rush e encarar Ipanema - o lançamento do livro do meu amigo Flávio. Não sei dizer por que Ipanema me é tão assustadora, mas sinto-me pequeno, inexpressivo, coadjuvante. Quase que impelido a pedir desculpas por transitar em Ipanema, pedindo perdão por pisar num mundo que não é o meu. E foi com esse sentimento que cheguei à Livraria da Travessa, britanicamente às 19:00h. Para piorar, fui sozinho. Normalmente isso não é problema, sou um misantropo convicto, não gosto muito de gente, sou de pouquíssimas palavras. Mas hoje ia à Ipanema, a um lançamento de livro, precisava de alguém que me socorresse, que me fizesse companhia, que me livrasse, enfim, do embaraço de um evento social. Ainda não fui apresentado a alguém mais antissocial que eu. Ninguém. Se eu ainda bebesse... mas o médico me proibiu categoricamente.
Minha pontualidade me fez chegar antes do Flávio. Não vi nenhum rosto amigo, apenas uma menina que eu sabia que conhecia mas não sabia de onde. Minha inabilidade com as pessoas não me deixou puxar assunto. Meti a cara na estante de crítica literária e comprei um mundo de livros que não sei como vou pagar.
Enfim o Flávio. Bate-papo rápido, novidades de ambos os lados, parabéns pela nova Maria!, e saí sorrateiro com minha dedicatória. Fora da livraria, Ipanema. Olhei para o céu, rogando força, e vi a lua. Cheia, linda. Decidi-me por enfrentar a situação e viver aquela realidade. Comecei a caminhar pela calçada, cabeça em pé, olhos nos olhos, paqueras furtivas, passo firme. Agora aquela era também a minha verdade. Fui até a praia para tomar um coco. Já não precisava mais de companhia, eu me bastava. O vento na cara me dava coragem, me fazia ipanemense. Antes de voltar, uma parada na Chaika, refestelei-me com uma fatia de pavê de amêndoas.
De volta ao meu apartamento, estou novamente confortável com a minha realidade, conhecida, aconchegante, indefectível.

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