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sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Retorno a La Fontaine

Toda criança, direta ou indiretamente, já teve contato com as fábulas de Jean de La Fontaine, seja através de adaptações para desenhos animados, gibis, peças, etc. Mesmo sem acesso direto ao texto literário, quem nunca ouviu falar da história da lebre e da tartaruga, da cigarra e da formiga, do leão e do rato? Estas histórias já fazem parte do inconsciente coletivo infantil - e adulto também, por que não?
Como com qualquer criança, o meu contato inicial com as fábulas de La Fontaine também se deu via desenhos animados, ainda longe de saber que aquelas histórias haviam sido escritas séculos atrás em forma de fábulas. Assistia aos desenhos e me encantava com o universo lúdico de minha infância. Anos mais tarde, já na graduação em Letras, acho que foi em 1998, o meu contato com La Fontaine se estreitou porque trabalhei como assistente de pesquisa para a tese de doutoramento em História de meu amigo Mário Galvão, A Corte do Leão: um manual do cortesão nas fábulas de La Fontaine - França 1668-1695. Na ocasião, tive acesso aos textos em francês e pude ler as fábulas com um pouco menos de ingenuidade, interessado em alguma coisa para além da ludicidade dos desenhos animados. Lembro que fiquei entusiasmado com o trabalho do Mário, dentre outras coisas, porque percebi que muita coisa podia ser extraída de uma "simples" fábula. Paulatinamente desenhava-se em mim o desejo de perseguir uma vida acadêmica, de utilizar a literatura como meio de vida, não apenas como lazer ou entretenimento.
Mas foi pensando também em entretenimento que sugeri a minha sogra que desse de presente de aniversário de sete anos para a Maria Eugênia um livro de La Fontaine. E, entre bonecas, jogos, roupinhas, ela ganhou também o livro. Com tradução de Ferreira Gullar, apresentação de Ivan Junqueira e ilustrações de Gustave Doré, Maria Eugênia pode, muito mais cedo do que eu, perceber que as historinhas que ela já conhece têm também um outro formato. Lendo o livro, me perguntei se ela conseguirá entender e aproveitar suficientemente bem o texto, mas, deixando de lado minha tentativa de controle, o que importa é que mais uma semente foi plantada. Quanto aos frutos, é só esperar... Mais tarde proporei uma seção de leitura conjunta, mesmo porque a edição é linda e as ilustrações de Doré dão um diferencial.

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