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quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Sessão de leitura

Quando Maria Eugênia nasceu, há sete anos atrás, Lena me disse "Agora é literatura infantil". Ela não estava me alertando para a importância da literatura infantil para as crianças, estava, sim, me sugerindo escrever eu mesmo textos para os pequenos. Hã? Eu? Nunca pensei nisso, jamais me imaginei capaz de algo desse porte. O que escrever? Como? De que maneira? Que temas? Sou um cara demasiado enrolado para conseguir escrever um texto simples, direto, lúdico e que desperte nos pequenos leitores algum tipo de emoção. Meu pensamento é cheio de vírgulas, com um monte de orações intercaladas, nada singelo. Acho que se me metesse a escrever alguma coisa para as minhas filhas, estaria a operar um desserviço literário, pois elas provavelmente nutririam uma experiência assaz desagradável com a literatura.
Essa lembrança da sugestão da Lena veio hoje depois da última sessão de leitura com as crianças. Foram três livros que chegaram pelo correio da Coleção Itaú de livros infantis. O primeiro foi Chapeuzinho Amarelo, de Chico Buarque e com ilustrações de Ziraldo; o segundo foi A festa no céu, de Angela Lago; e o terceiro foi Adivinha o quanto eu te amo, de Sam McBratney e ilustrações de Anita Jeram. As duas ouviram atentas os três livrinhos e o que mais me motiva a ler para elas são as reações que elas têm. É muito interessante observar a tão falada pureza infantil nas suas reações mais do que espontâneas - e nada convencionais. Pensando nisso, me ocorre agora que a minha relutância em escrever textos infantis deve-se, essencialmente, ao terror que tenho das críticas agudas, diretas e objetivas das crianças. Sem meias palavras. Como lidar com isso?
Não sei como, mas, convenhamos, que covardia! Toda leitura é, em alguma escala, crítica, sejam os leitores crianças ou não. Você mesmo, aqui no blog, certamente está a formular algum critério a respeito do que está a ler. Enfim, quem tem medo de crítica não publica nada - e eu pretendo continuar publicando algumas coisas por aqui. Disse tudo isso apenas para me convencer de que a ideia de começar a pensar em escrever textos infantis ganha corpo. Pelo menos duas leitoras eu terei, nem que seja à força, se preciso for, em nossas sessões de leitura.

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