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quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Umas outras realidades alheias

Primeiro dia do curso Visões da literatura a partir de Walter Benjamin: Memória, trauma, testemunho, na PUC. Sobre a aula não tenho nada a dizer, sabe como é, primeiro dia de aula serviu apenas para as apresentações de praxe. Mas vale o registro de minha impressão ao chegar na PUC - um outro mundo, uma outra realidade completamente diferente da minha. Olhando o vaievem dos filhos da puc (perdoem-me, não resisti ao trocadilho), ficou evidente como eu era um corpo estranho naquele lugar. Acho que a minha vestimenta de operário da literatura, seja lá o que isso significa, tornou externa a inadequação que era só interna. A heterogeneidade da turma, composta por alunos da PUC, da UFF e da UFRJ, me deixou mais à vontade, mas até chegar à sala sofri um bocado. Por alguns instantes imaginei como seria o dia-a-dia daqueles jovens universitários, e minha imaginação trabalhou bastante. É um tanto perturbador sair de minha realidade e viver a realidade alheia, mesmo que por curtos instantes. Walter Benjamin tomava a palavra alheia como impulso para o pensamento, então por que não posso tomar a realidade alheia como impulso para um post? Na volta para casa, no metrô lotado, outro choque de realidades - não faz parte do meu mundo me espremer em transportes coletivos, principalmente quando um anônimo qualquer, numa clara demonstração de "que se dane", resolve compartilhar a música de seu celular. Quer dizer, aquilo não era música, era um crime. Duas vozes em falsete se revezavam em letra e melodia sofríveis. Chegada minha estação, abandonei o concerto e corri para meu apartamento, reduto seguro de realidades alheias.

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