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terça-feira, 10 de agosto de 2010

Continuemos, pois

O simpósio Flusser in Rio foi encerrado com chave de ouro nesta tarde. A fala do Cláudio Castro Filho - Modernidade e estética fenomenológica em Vilém Flusser - teria sido o ponto alto da tarde não fosse a roubada de cena do Gustavo Bernardo, que fechou os trabalhos. Com uma camiseta verde com um ponto de interrogação preto desenhado na frente, ele "limitou-se" a ler um texto seu previamente dado aos participantes no Caderno flusseriano, uma brochura que continha, além do texto do organizador do evento, mais cinco ensaios escritos pelos monitores, que imagino serem alunos do Gustavo.

Isso não seria nada demais, vocês hão de concordar. Por que a leitura de um texto, de conhecimento prévio dos participantes, suscitaria algum alvoroço? Não foi o texto, no entanto, que tornou o desfecho do simpósio sensacional. Foi a leitura. Em pé, com a interrogação estampada na camisa diante de todos, Gustavo mal conseguia ler, a voz embargada pela emoção, a respiração ofegante, alguns segundos mais extensos para controlar o choro iminente. Particularmente, também me emocionei, e desconfio que todos os presentes se contagiaram com a emoção do Gustavo.

Nesse momento refleti que se um evento acadêmico consegue despertar, num acadêmico, tamanha emoção, nada está perdido e podemos e devemos seguir em frente. O texto em si é um bom texto, mas insuficiente para ocasionar tal comoção em alguém que não estivesse, como o Gustavo, envolvido diretamente com a organização e com os estudos em torno de Flusser. Ele procurou escrever uma ficção para homenagear o homem-rio, que não permite "que ninguém mergulhe duas vezes nas suas palavras". A academia se mostrou hoje um espaço onde homens ainda se emocionam, ainda carregam a emoção à flor da pele, ainda se mostram vulneráveis e... humanos. Continuemos, pois.

Um comentário:

  1. Perdi! Pena!

    Respondi à sua pergunta/dúvida no blog.
    Depois passa lá.

    Abração

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