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segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Um pouco menos ignorante

Um ignorante. Assim me senti no início da tarde quando meu amigo Leonardo me trouxe um livro que eu não poderia deixar de ler. Com os olhos brilhando, ele me entregou Linguagens líquidas na era da mobilidade, da Lucia Santaella. Nunca ouvi falar, disse meio constrangido. Mentira, exclamou ele boquiaberto. Diante de minha confirmação, atônito, ele perguntava como eu não conhecia a maior semioticista brasileira. Encolhi os ombros, fixei os olhos no chão e me apequenei. Um momento exemplar da dívida infinita à qual seria apresentado daí a minutos na aula do Mario Bruno. Sentado na sala, fui brindado com uma aula sensacional. Num momento, porém, me inquietei. A afirmação de que a filosofia é para todos mas não é para qualquer um ecoou no meu espírito ignorante. O que será que ele quis dizer? Seria eu qualquer um? Estaria incluído dentre os excluídos? Me agarrei à primeira parte da sentença e perseverei: se a filosofia é para todos será para mim também. E foi com esse espírito determinado que obstinadamente ouvia cada palavra dita, que compreendia cada conceito explicado, e que formulava, de mim para mim, novos aforismos. O meu entendimento raso de Nietzsche ganhou corpo hoje. Ainda não sei de que é capaz esse corpo, mas ele já demonstra alguma consciência. Consciência em relação a quê é o que ainda resta saber, mas enfim consciência. Menos trágica do que se gostaria, posso senti-la como uma força ativa que, no final das contas, acaba por escapar à consciência, essencialmente reativa. Perdido nesses pensamentos, cheguei ao final da aula sem querer falar com ninguém, extasiado. De volta ao mundo ordinário, sentado contemplativo no metrô, com um sorriso no canto dos lábios, sentia-me um pouco menos ignorante...

2 comentários:

  1. Ah, Bruno.
    Please, não quis iluminar sua "dívida infinita", hein?
    É que, quando leio, vejo, vivo... coisas que me levam direto para alguém, tenho que compartilhar.
    E este texto te interessa verticalmente.

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  2. Não se preocupe, Léo. Já pesquisei e sei que num sebo em Copacabana o livro está à venda. Agradeço a sua indicação e, se houver outras, mande-as. VALEU!

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