Pesquisar neste blog
quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
A morte do autor
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

sexta-feira, 19 de novembro de 2010
Agora
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
Finalmente recuperado

quarta-feira, 3 de novembro de 2010
O futuro da humanidade

segunda-feira, 25 de outubro de 2010
A praça*
domingo, 17 de outubro de 2010
O menino*
domingo, 10 de outubro de 2010
Metablog
sábado, 9 de outubro de 2010
Exercício insone
terça-feira, 5 de outubro de 2010
Luiz Costa Lima: uma obra em questão

sábado, 2 de outubro de 2010
Carta para o meu amigo Walter

Acontecimento

sexta-feira, 1 de outubro de 2010
quinta-feira, 30 de setembro de 2010

segunda-feira, 27 de setembro de 2010
Perfil

sexta-feira, 24 de setembro de 2010
New chapter: bye-bye English
terça-feira, 21 de setembro de 2010
Rapidinhas
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
Cal(eu)doscópio

sábado, 11 de setembro de 2010
E agora, José?

terça-feira, 7 de setembro de 2010
O circo*

terça-feira, 31 de agosto de 2010

sábado, 28 de agosto de 2010
Recado

terça-feira, 24 de agosto de 2010
Vida, minha vida
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
Umas outras realidades alheias

terça-feira, 17 de agosto de 2010
Eus

segunda-feira, 16 de agosto de 2010
Um pouco menos ignorante

sábado, 14 de agosto de 2010
Dois anjinhos

sexta-feira, 13 de agosto de 2010
A vez do leitor

terça-feira, 10 de agosto de 2010
Frases impensadas, impactantes e inverdadeiras

Continuemos, pois

Isso não seria nada demais, vocês hão de concordar. Por que a leitura de um texto, de conhecimento prévio dos participantes, suscitaria algum alvoroço? Não foi o texto, no entanto, que tornou o desfecho do simpósio sensacional. Foi a leitura. Em pé, com a interrogação estampada na camisa diante de todos, Gustavo mal conseguia ler, a voz embargada pela emoção, a respiração ofegante, alguns segundos mais extensos para controlar o choro iminente. Particularmente, também me emocionei, e desconfio que todos os presentes se contagiaram com a emoção do Gustavo.
Nesse momento refleti que se um evento acadêmico consegue despertar, num acadêmico, tamanha emoção, nada está perdido e podemos e devemos seguir em frente. O texto em si é um bom texto, mas insuficiente para ocasionar tal comoção em alguém que não estivesse, como o Gustavo, envolvido diretamente com a organização e com os estudos em torno de Flusser. Ele procurou escrever uma ficção para homenagear o homem-rio, que não permite "que ninguém mergulhe duas vezes nas suas palavras". A academia se mostrou hoje um espaço onde homens ainda se emocionam, ainda carregam a emoção à flor da pele, ainda se mostram vulneráveis e... humanos. Continuemos, pois.
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
A filosofia da ficção de Vilém Flusser: um tapa na cara

Schäffauer iniciou sua fala queixando-se dos críticos contemporâneos que se esforçam em distinguir realidade de ficção. Perguntava o alemão por que os críticos tentam obstinadamente diferenciar realidade de ficção se os próprios artistas esforçam-se por aproximá-las. E complementa, citando Flusser, afirmando que os conceitos de realidade e ficção se equivaleriam, daí a improcedência em distingui-los. Ora, na minha dissertação de mestrado gastei algumas páginas para provar que na literatura brasileira contemporânea é muito comum uma hibridização do texto fruto da mescla justamente entre realidade e ficção. Seria essa indecidibilidade do leitor em assegurar seus limites uma das marcas da autoficção. Não quero me desdizer aqui, continuo convicto do que escrevi e defendi no mestrado, mas, a partir da fala do alemão, questiono a importância que isso tem.
Talvez mais do que afirmar que, por exemplo, em Nove noites, a construção do mito do escritor, de sua invenção de si, se dá na interseção de realidade e ficção, seja mais profícuo abstermo-nos dessa discussão e partirmos para um debate em torno da "vampirização" - para utilizar um termo de Flusser - do autor hoje. Em linhas bastante sintéticas, seria a transformação de uma arte exteriorizante em uma arte interiorizante, isto é, tentar ser imortal não nas obras, mas na memória dos outros. Como disse, ainda não tenho leitura suficiente de Flusser para aprofundar essa discussão no momento, mas fica aqui uma indicação de caminho a seguir.
Desconfio que meu projeto de doutorado sofrerá algumas modificações. Já vinha me mostrando insatisfeito com a primeira parte do projeto, que visava a discussão da autoficcionalização comum nos blogs. Parece ser um tanto óbvia a construção de um alter ego nos narradores blogueiros, por isso acho que posso abstrair essa questão e partir para uma discussão mais profunda, menos dejà vu.
***
Nota confessional: Comecei o curso do Mario Bruno, como ouvinte, hoje, me sentindo um penetra da festa alheia. A minha sorte mudou ao conhecer a Catarina, minha mais nova amiga, que está na mesma situação que eu - não somos mestrandos nem doutorandos, não temos vínculo com nenhuma instituição, mas não querermos sair da brincadeira.
sexta-feira, 6 de agosto de 2010
Universidade: local do saber

Ao colocar essa questão em termos opositivos como mercado vs. academia, circulação vs. erudição, arte vs. consumo, busca-se pensar em que medida a academia estaria contribuindo para o entendimento da prática literária na contemporaneidade. Discute-se adequações de currículos e políticas de incentivo e adaptação de maneira a contemplar e aceitar a nova prática literária vigente, e cobra-se da academia que ela se posicione, preferencialmente de forma a interagir com o novo. Uma das críticas mais comuns feitas à academia diz respeito a um conservadorismo que a privaria de ler a atualidade. No debate que se seguiu à fala dos três professores na mesa citada, surge da plateia a interrogação: mas a academia deve conservar ou criar? E a resposta, prontamente, foi dada também pela plateia: As duas coisas.
A cobrança de que a academia deve acompanhar as novas e novíssimas criações literárias - e que em certa medida é uma cobrança mais do que justa - perde terreno, a meu ver, quando se esquece que ela deve também preservar o cânone. Algumas vezes tenho a impressão de que, em nome da "massa de trabalhadores do literário", que muitas vezes é sinônima de "massa de amadores", valendo-me de expressões do Italo Moriconi, ataca-se o beletrismo como forma de justificar e validar nossa produção contemporânea. É claro que devemos entender a literatura contemporânea sob a luz da crítica e da estética contemporâneas, afinal seria um enorme anacronismo estudarmos literatura hoje tendo como parâmetro, por exemplo, Machado de Assis. Isso, contudo, não deve servir como prerrogativa para "apagarmos" o bruxo do Cosme Velho, a academia, o beletrismo etc. Concordo com Flávio Carneiro quando ele diz que hoje vivemos uma "transgressão silenciosa", não precisamos mais atacar o cânone para outorgar à literatura atual reconhecimento, valor.
Para finalizar, cito novamente o Italo Moriconi, ao dizer que "o fetiche literário é um bem", "temos que aprender a gostar de Shakespeare", por que não? Um texto hoje que se queira parecer com a escrita do dramaturgo britânico ou com Machado de Assis, para dar um exemplo da nossa literatura, seria um texto ilegível, mas isso não deve invalidar nossas bibliotecas. A universidade ainda é sim um espaço destinado ao saber, e isso é muito bom! Que ela consiga conjugar a esse saber canônico as novas formas de escrita da atualidade, sejam os blogs, as autoficções, os microcontos, etc.
Fico por aqui, sem conseguir chegar perto da totalidade das questões discutidas no evento, que foi bastante rico, mas deixo o meu pitaco.